Todos conhecemos o termo «mentalidade policial». No caso do inspector
Magina da Silva, responsável máximo pelo sinistro Corpo Especial de
Polícia, tal mentalidade não denotaria mais do que uma deformação
profissional espectável e pouco merecedora de comentários adicionais.
O que vem efectivamente causar espanto e merecer comentário são as declarações deste inspector sobre os acontecimentos de 22 de Março último. Assim, coisas que ficaram mal na fotografia, como aquele polícia que, entre todos os episódios de violência protagonizados quotidianamente por tantos colegas seus, teve o infortúnio de ter sido apanhado em flagrante a bater na jornalista com o bastão virado ao contrário, ou as inúmeras cabeças partidas que resultaram da intervenção policial no Largo do Chiado, são varridas para o seu lugar de direito, ou seja, para debaixo do tapete e, uma vez mais, iça-se, porque de outro pano não se dispõe, o esfarrapado espectro do «potencial de violência» de certos grupos de manifestantes para se justificarem derivas pidescas – ou, se quisermos tratar os bois pelos nomes e não ajudarmos a alimentar determinadas ilusões, democráticas, estatistas, autoritárias e burguesas – de controlo e repressão.
Desta forma, numa pirueta mental grotesca e por mais estranho que tal possa parecer ao senso comum, o mais aviltante e difundido espectáculo de violência policial dos últimos tempos acabou transformado no melhor pretexto para violências adicionais no futuro. Assim, pretende-se instituir a «tolerância zero» para lidar com todos aqueles e aquelas que não se deixam integrar no regime e se recusam ao democrático beija-mão aos poderes instituídos, que não vão lançar pétalas de rosa aos polícias em concentrações ditas «contra a violência policial», ou que pretendem a luta efectiva ao seu simulacro encetado diante das câmaras de televisão para eleitor ver.
De agora em diante, as ordens são para impedir que as manifestações anarquistas cheguem sequer a realizar-se e reservar as ruas aos submissos. Iludem-se. A submissão, cada vez mais, não será opção para ninguém e é o próprio Estado, na violência multiforme e cada vez mais insuportável da sua guerra interminável contra os explorados, que gera e amplia diariamente as condições para levar à revolta, não apenas os pouco numerosos anarquistas, mas as grandes massas populares até agora inertes e apáticas.
Se tudo isto é um sinal de medo por parte das classes possidentes e dos aparelhos repressivos que tratam de manter o seu domínio sobre o resto da sociedade, convenhamos que esse medo é perfeitamente justificado.
AIT-SP Lisboa
O que vem efectivamente causar espanto e merecer comentário são as declarações deste inspector sobre os acontecimentos de 22 de Março último. Assim, coisas que ficaram mal na fotografia, como aquele polícia que, entre todos os episódios de violência protagonizados quotidianamente por tantos colegas seus, teve o infortúnio de ter sido apanhado em flagrante a bater na jornalista com o bastão virado ao contrário, ou as inúmeras cabeças partidas que resultaram da intervenção policial no Largo do Chiado, são varridas para o seu lugar de direito, ou seja, para debaixo do tapete e, uma vez mais, iça-se, porque de outro pano não se dispõe, o esfarrapado espectro do «potencial de violência» de certos grupos de manifestantes para se justificarem derivas pidescas – ou, se quisermos tratar os bois pelos nomes e não ajudarmos a alimentar determinadas ilusões, democráticas, estatistas, autoritárias e burguesas – de controlo e repressão.
Desta forma, numa pirueta mental grotesca e por mais estranho que tal possa parecer ao senso comum, o mais aviltante e difundido espectáculo de violência policial dos últimos tempos acabou transformado no melhor pretexto para violências adicionais no futuro. Assim, pretende-se instituir a «tolerância zero» para lidar com todos aqueles e aquelas que não se deixam integrar no regime e se recusam ao democrático beija-mão aos poderes instituídos, que não vão lançar pétalas de rosa aos polícias em concentrações ditas «contra a violência policial», ou que pretendem a luta efectiva ao seu simulacro encetado diante das câmaras de televisão para eleitor ver.
De agora em diante, as ordens são para impedir que as manifestações anarquistas cheguem sequer a realizar-se e reservar as ruas aos submissos. Iludem-se. A submissão, cada vez mais, não será opção para ninguém e é o próprio Estado, na violência multiforme e cada vez mais insuportável da sua guerra interminável contra os explorados, que gera e amplia diariamente as condições para levar à revolta, não apenas os pouco numerosos anarquistas, mas as grandes massas populares até agora inertes e apáticas.
Se tudo isto é um sinal de medo por parte das classes possidentes e dos aparelhos repressivos que tratam de manter o seu domínio sobre o resto da sociedade, convenhamos que esse medo é perfeitamente justificado.
AIT-SP Lisboa
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