Escusado será dizer que o rumo da sociedade capitalista não é determinado pelos trabalhadores, mas pela burguesia, graças à força que a posse do capital lhe confere e por intermédio dos aparelhos partidários que lhe pertencem inteiramente e se vão revezando no poder. Se esse rumo que veio a ser delineado a partir de cima no decurso das últimas décadas conduziu a um beco sem saída, não será isso a impedir a classe dominante de tentar resolver o problema da maneira habitual: pondo-o às nossas costas.
Não, trabalhadores que somos, não nos compete preocuparmo-nos com o crédito, a banca, a dívida pública, as agências de rating, o FMI, e todo o restante palavreado da economia de crise que agora inunda as páginas dos jornais, mas antes com o desemprego, a precariedade, os salários de miséria, as pensões insuficientes e todos aqueles outros problemas que são efectivamente os nossos e que vemos agravarem-se dia após dia.
Tenhamos consciência de que estamos sozinhos. Comprometida com o sistema, os limites da acção da esquerda são aqueles que o próprio capitalismo lhe impõe e, face a uma crise sem fim à vista, já nem comportam aquelas medidas básicas de protecção social que lhe tiveram que ser arrancadas a ferros após a queda do fascismo. Depois de estabilizada a situação e desertas as ruas, tinha que se produzir, passo a passo, o inevitável: sem ter realmente o que temer e confrontada com os seus próprios problemas, a burguesia foi considerando excessivas as cedências do período anterior e recrudescendo em agressividade. A própria crise não fez mais do que fornecer o estímulo para aumentar o ritmo e o alcance do ataque burguês às nossas condições de existência.
A única alternativa a esta austeridade que o Estado e o patronato querem e precisam de nos impor só poderá vir de um combate mais duro e mais terrível do que tudo aquilo a que, até agora, viemos a ser habituados. É preciso reunir a força, a coragem, a organização e a determinação necessárias para o travar e para o levar, contra quem nos queira barrar o caminho, até às últimas consequências!
Toda a luta deve ser auto-organizada. Com aqueles que sofrem os mesmos problemas que nós, podemos criar grupos, assembleias, movimentos, sindicatos auto-organizados e lutar directamente, sem recurso a intermediários, tendo ao nosso lado apenas iguais, não renunciando a métodos, hoje malditos mas que já provaram a sua eficácia, como o bloqueio, a sabotagem, a greve ‘selvagem’ e, acima de tudo, a solidariedade e o apoio-mútuo entre explorados e oprimidos em luta.
Unidos e auto-organizados, nós damos-lhes a crise!
Abril/2011
See: ait-sp.blogspot.com
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