4.27.2011
Comício contra as políticas sociais e econômicas do Estado russo
No dia 24 de abril, em Moscou, houve um comício contra as políticas sociais e econômicas do governo organizado pela seção russa da AIT, a KRAS. Membros de outros grupos anarquistas, antifascistas e sociais participaram dele.
A praça na frente do monumento onde o comício foi realizado foi cercado por barreiras de metal. Só permitiram que as pessoas fossem até lá depois de revistadas. Este é um método típico de pressão psicológica usado nos anos recentes para desencorajar as pessoas a se juntarem ao protesto. Não obstante, as pessoas se reuniram próximo às barricadas, recebendo panfletos e ouvindo os discursos.
Havia uma grande bandeira negra que dizia "Liberdade para o povo, não para os preços!" e bandeiras vermelho e pretas. Palestrantes falaram sobre a difícil situação social e econômica e sobre a política antissocial do Estado e do capitalismo: baixos salários, dinheiro insuficiente para se viver, poucos gastos sociais, sujeitos a ainda mais cortes, a lei sobre instituições de propriedade do Estado ФЗ-83, a comercialização e a inacessibilidade da educação e dos serviços médicos e educacionais, o aumento constante do preço dos alimentos, dos custos do transporte e da moradia, o atropelamento dos direitos trabalhistas, a planejada reforma da aposentadoria... Chamou-se a solidariedade com trabalhadores/as, independentemente de sua origem, local de residência ou tipo de relação de trabalho, discutiu-se o nacionalismo e o racismo como uma forma de dividir o povo trabalhador e distraí-lo da luta por seus interesses. A única maneira de desviar a ofensiva das autoridades e do capital que se voltou contra todas/os nós é resistir, assim como fizeram agora na Bolívia, onde trabalhadoras/es estão em greve permanente e forçaram o governo a aumentar os salários e rejeitar algumas reformas neoliberais. Participantes do comício convocaram a formação de sindicatos independentes e combativos, comitês de greve, associações locais e iniciativas sociais que preparariam e desenvolveriam uma greve geral contra a atual política socioeconômica.
Durante o comício, centenas de panfletos e exemplares do jornal da KRAS, "Ação Direta", foram distrubuídos. Os/as manifestantes conversaram com as pessoas, explicando os objetivos do protesto.
O panfleto continha o texto reproduzido a seguir.
TIREM SUAS MÃOS DE CIMA DE NOSSOS DIREITOS SOCIAIS! NÃO À POLÍTICA ECONÔMICA E SOCIAL DO GOVERNO!
Enquanto os empresários russos e os patrões de todos os tipos estão enchendo seus bolsos, com a ajuda dos preços inflacionados do petróleo e do gás, e o governo generosamente lhes oferece ajuda financeira e subsídios, um ataque aos nossos direitos sociais está a caminho: o direito a uma vida decente, à educação acessível, ao tratamento médico, a um teto sobre nossas cabeças, ao trabalho, ao seguro por invalidez e à aposentadoria... Eles causaram a crise econômica atual e querem que paguemos por ela. Agora eles declaram que a crise acabou, mas continuam a fazer cortes para necessidades sociais e a colocar mais fardos sobre nossas costas. Os salários na Rússia estão entre os menores na Europa. Levando em conta o nível "europeu" dos preços, nossos salários mal podem cobrir o custo de vida. Mas ao mesmo tempo, o país tem um dos maiores números de bilionários...
Há benefícios sociais extremamente baixos. A ajuda que é dada a mulheres grávidas e mulheres com crianças está sendo reduzida. O seguro-desemprego é risível e humilhantemente baixo. A maioria dos benefícios para quem não é rico foi liquidada ou foi cortada ao mínimo sob o pretexto de "monetarização".
A vergonhosa lei de instituições públicas (ФЗ-83)objetiva a completa comercialização dos serviços médicos e educativos. Somente os serviços mínimos garantidos irão permanecer livres e disponíveis para todos/as, mas haverá longas filas até eles. Não conte com educação e tratamento médico para suas crianças. Vocês terão que pagar por praticamente tudo, e os preços serão altos. A lei também permite que escolas, creches, enfermarias e hospitais cortem custos pela redução de pessoal, pelos cortes na calefação e na iluminação.
Os preços estão subindo constantemente - na alimentação, nos bens, nos serviços, nos transportes, na moradia... O novo governo de Moscou acusou o prefeito anterior de elevar o preço do transporte sem motivo, mas ele manteve todos esses aumentos. Ele também anunciou que inquilinos/as devem pagar 100 % do preço de mercado por serviços domiciliares, como se eles já não tivessem sido inflacionados várias vezes.
Como a espada de Dâmocles, a ameaça da elevação da idade da aposentadoria pende sobre nós. O governo está envolvido em jogos estranhos, anunciando que é inevitável que a idade para aposentadoria seja elevada, e depois dizendo que isso não vai acontecer. Em qualquer caso, tais planos existem, e se permanecermos em silêncio sobre eles, nada irá impedi-los de nos dar este "presente". Levando em conta a expectativa de vida na Rússia, quase ninguém irá receber sua aposentadoria.
Trabalhadoras/es assalariadas/os já não possuem praticamente nenhum direito. A "democracia" termina na porta do local de trabalho. Se isso não é o suficiente, a União Russa de Empresários recomendar elevar o limite da jornada de trabalho, remover todas as barreiras para demissões e limitar o já limitado direito à greve.
Empresários estão usando cada vez mais trabalho subcontratado e trabalho forçado. Desta maneira, negam os direitos mais básicos a mais trabalhadores/as. Demissões são feitas pela menor crítica ou tentativa de organização. Trabalhadoras/es migrantes estão em uma situação completamente sem legislação. As autoridades de Moscou prometem "legalizá-la" - mas na prática isso levou a uma nova caça às bruxas e deportações em massa daqueles/es a quem esta legalização é negada.
O ATAQUE CONTRA NÓS ESTÁ VINDO DE TODOS OS LADOS E EM TODAS AS ÁREAS. A vida está se tornando mais difícil e insuportável a cada dia. Não podemos mais viver dessa maneira.
Se ficarmos em silêncio, ninguém nos escutará. Se ficarmos indiferentes aos cortes de nossos direitos sociais, ninguém irá nos levar a sério e o governo irá usar nossa fraqueza para apertar a parelha ao redor de nossos pescoços. Somente pela realização de um protesto resoluto, não somente com palavras mas com ação, podemos parar o governo e o capital.
Nós convocamos trabalhadoras/es e desempregadas/os, pensionistas e estudantes a tomarem as ruas e dizerem "NÃO" à política social e econômica do governo. Organizem-se em sindicatos e comitês de greve não burocráticos e autogestionados, façam manifestações e greves, formem iniciativas sociais e grupos de consumo, associações ecológicas, associações de estudantes e responsáveis, grupos antiguerra etc. Preparem-se para a greve geral, que é a principal arma dos/as explorados/as na luta por seus interesses.
NOSSAS EXIGÊNCIAS IMEDIATAS:
- Jornada de trabalho de 6 horas e uma semana de trabalho de 5 dias sem redução de salário. Pagamentos por horas extras são obrigatórios.
- Férias remuneradas por não menos que um mês e licença médica remunerada.
- Pagamento de salários não menores que a média da indústria e não menos que uma vez por mês.
- Aumentos automáticos proporcionais à inflação.
- O congelamento dos preços dos alimentos e bens básicos.
- A garantia a todos/as os/as migrantes do direito à vida e a trabalhar onde quer que encontrem emprego.
- A garantia das normas sanitárias e médicas nos dormitórios de trabalhadoras/es e estudantes.
- Educação, tratamento médico, transporte público e moradia gratuitos.
- Dar emprego permanente aos/às trabalhadores/as temporários/as que o quiserem.
Seção Russa da AIT
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