Em 1925, a Federación Obrera Regional Argentina iniciava a luta em prol da redução da jornada de trabalho para 6 hs diárias. Tal luta histórica dos/as trabalhadores/as estava destinada a evitar que os empresários em conivência com o governo continuassem carregando as costas das/os trabalhadores com excessivas horas de trabalho que só beneficiavam as classes endinheiradas enquanto se ia contra a própria essência do ser humano, apagando rapidamente a possibilidade de dedicar tempo à formação, ao ócio, à vida pessoal e familiar. Assim, nesta luta pela redução da jornada de trabalho, muitos/as filhos/as do povo através da história deixariam suas vidas assim como os mártires de Chicago, aqueles anarquistas que, por exigirem as oito horas diárias de trabalho, seriam condenados à morte nos Estados Unidos.
Mas o que acontece hoje em dia em nosso país? Vemos, nem mais nem menos, que como trabalhadores/as estamos perdendo nesta luta pela redução da jornada de trabalho, já que nem sequer se cumpre na grande maioria dos casos as supostas oito horas que as leis da “democracia” marcam como o máximo de jornada diária, ou porque com a desculpa das “horas extras” ou “horas voluntárias” as/os trabalhadoras/es são amarradas/os a várias horas a mais (dependendo do setor produtivo ou do patrão, em alguns casos se chegou a dez ou onze horas diárias), muitas vezes os/as trabalhadores/as não por gosto mas sim para ganhar algo que se aproxime de cobrir a cesta básica alimentar devem ceder frente à chantagem das horas extras. Outras vezes as/os trabalhadores/as são empurradas/os à escravidão, e geralmente sobre quem isto mais pesa é sobre os/as imigrantes, as pessoas pertencentes a bairros mais humildes, ou sobre crianças e mulheres.
Com tudo isto e frente a um avanço cada vez maior das horas de trabalho sobre os/as trabalhadores/as, parece hoje mais do que nunca que a luta pela redução da jornada de trabalho tem grande sentido. Sem dúvida, isto parece ser algo que está cada vez mais distante das agendas dos sindicatos como a CGT, a qual gerou durante sua história somente retrocessos na luta operária (e se alguma vez “conseguiu um avanço”, o conseguiu somente como uma ilusão para enganar seus/suas afialiados/as). Deste modo, por culpa dos lacaios do poder que são os dirigentes sindicais e burocratas da CGT, hoje as/os trabalhadoras/es que nela se encontram estão longe de ter uma consciência crítica e combativa contra a burguesia nacional e transnacional e esses cães do Capital empresarial e estatal durante sua história só se dedicaram a evitar que suas/seus afiliadas/os tenham formação e instrução quanto à organização e à luta por seus direitos. O pior de tudo é que os/as adormeceram e as/os fizeram crer que essa é a única forma como as/os trabalhadores/as podem se organizar, ou seja, delegando e deixando nas mãos de outrem suas decisões e vontades, nas mãos desses outros que como Moyano só se interessam por seu benefício pessoal (vejam quanto ele ganha por mês e quanto ganha por mês um trabalhador terceirizado), pessoas como Moyano que enchem a boca de mentiras enquanto negocia por baixo da mesa com a patronal e o governo o avanço de leis e acordos que sempre prejudicam o/a trabalhador/a. Por tudo isto, a CGT é mais uma ferramenta do Poder, porque desde que se tornou a central de trabalhadoras/es majoritária do país só funcionou como o mecanismo que permite uma paulatina mas eficaz (eficaz para o capital) reforma trabalhista ao desejo dos interesses do mercado internacional. Da CTA direi sinteticamente que é o espelho da CGT já que só é um reflexo desta, porém pintada de esquerda descolorida ou às vezes confundida. A CTA, também uma central majoritária quanto ao número de afiliados/as, mesmo que em algum momento tenha se atrevido a colocar na boca de seus dirigentes a palavra redução da jornada trabalhista, somente o fez por compromisso, para fingir ser a oposição daquele sindicalismo chamado Central General del Trabajo e que tanto se parece em essência com a Central de Trabajadores Argentinos. O que torna idênticas as grandes centrais de trabalhadores/as não está em sua armação, mas no fato de que são entidades hierárquicas; sua estrutura hierárquica é o que faz com que ambas sejam muito parecidas, já que isto permite que em qualquer momento mediante a manipulação de seus quadros dirigentes o Poder possa fazer uma manipulação parcial ou total das mesmas para evitar que estas constituam algum perigo. Nada é mais funcional para o Poder governamental ou empresarial que um sindicato oficial se são estes mesmos que servem para apaziguar qualquer sentimento de descontentamento no povo e que legitimam o sistema fazendo acreditar que existem estruturas no mesmo que lutam pelos direitos das/os despossuídas/os; no final, tudo se reduz à arte da mentira, da ilusão, da hipocrisia, e os sindicatos oficiais e institucionalizados são parte importante de um sistema que se disfarça de humanista para esconder seu rosto mais sanguinário.
Por todo o exposto anteriormente, é óbvio que hoje as centrais trabalhistas estão longe de implantar uma luta radical contra o aumento da jornada de trabalho, e seu silêncio sobre o tema e a não informação às/aos trabalhadoras/es tem sido a forma como o capitalismo esteve avançando nos últimos tempos na exploração ser humano.
Mas que eles calem o que não lhes convém dizer e deem a mão a uma conciliação de classe sempre a favor de uma única classe (a que detém o Poder), isso denunciaremos hoje como nossa federação sempre o fez, e nós temos o compromisso de não abandonar a justa luta pela redução da jornada de trabalho. Talvez hoje nossa federação não tenha a mesma força quantitativa que nos anos 20 do século passado, mas mantém o mesmo ânimo de luta e sinceridade, essa força qualitativa com a qual não contam nem a CGT, nem a CTA, nem a esquerda, nem a direita partidárias. Por isso companheiros/as, NÃO deixemos de denunciar, não deixemos de assinalar os lacaios e amigos do Poder, cúmplices de nossa alienação e escravidão, NÃO deixemos de propor a ação direta e a autogestão como formas de luta já que são hoje as únicas formas com que se pode dar uma luta real e contundente ao Poder estatal ou empresarial. A demagogia quer fazer com que acreditemos que de nada serve lutar em nossos postos de trabalho: dizem que é coisa de um passado industrial, mas nesta era “pós-industrial” a exploração do trabalho continua, o sistema quer dividir nossas forças e transformou o cenário; é certo quando dizem que já não estamos na época onde havia grandes concentrações de trabalhadoras/es em determinados pontos espaciais como as fábricas e que hoje o trabalho foi terceirizado e individualizado (em grande medida), enquanto em alguns campos ele se tornou mais abstrato, como ocorre com todo trabalho fortemente relacionado à informática e à automatização, mas isso não impede que possamos nos organizar, é só uma questão de engenho, e se não há grandes galpões de fábricas para fazer assembleias haverá praças ou ruas, mas sempre encontraremos a forma de nos organizarmos e nos unirmos como trabalhadoras/es. Neste cenário que o neoliberalismo deixou em sua pressa por construir novas formas de controle e opressão, ele cometeu grandes erros, como tudo o que se faz às pressas, e essa é uma vantagem que temos e que devemos saber usar, mas para isso não podemos cair nos engodos que nos oferecem, não devemos seguir os tempos que a política nos quer impor nem seguir os espaços vertiginosos (como os sindicatos oficiais) que dizem que a democracia serve para que nos “organizemos”, já que em seus tempos em seus espaços só há mentiras, miragens e corrupção, por isso a luta antiautoritária, a ação direta, a ajuda mútua são a melhor forma de lhes dizer que não somos suas mercadorias, que não queremos ser ferramentas que produzem para outros, que somos pessoas e NÃO vamos nos deter, custe o que custar, até forjar um caminho que permita algum dia a emancipação completa do ser humano.
Pelas 6 horas de jornada de trabalho!
Pelo comunismo anárquico!
VIVA A F.O.R.A.-A.I.T.
Sociedad de Resistencia de Oficios Varios de Neuquen
http://srovnqn.blogspot.com/
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