O X Congresso da CNT foi finalizado. Entrevistamos o novo secretário-geral Alfonso Alvarez
Pergunta > Como você se aproximou das idéias anarquistas?
Resposta < Através do meu pai e seus amigos. Meu pai foi miliciano, com 20 anos. Ele esteve na guerra e então passou mais três anos num campo de concentração, em Algeciras. Em seguida, ele voltou a trabalhar no campo, em Fernan Nuñez. Nessa cidade, a implantação da CNT sempre foi forte e daí vem a minha influência - de estar presente nas discussões que surgiam entre os companheiros.
Pergunta > Qual é a sua trajetória na CNT?
Resposta < Sou filiado a CNT desde a primavera de 1977. Com 18 anos testemunhei uma das últimas greves, como a greve da construção de Córdoba. Lá eu me iniciei nas lutas operárias. Aos 23 anos comecei a trabalhar de forma autônoma como motorista, e participei ativamente em algumas greves de transportes. Também participei nas greves do campo em Pedrera e Fernan Nuñez. Foi nesta cidade, neste sindicato onde eu militei até o ano de 1992, e logo o sindicato de Córdoba. Eu tenho 19 anos como motorista na empresa de ônibus urbanos de Córdoba. Ali temos uma seção sindical com uma atividade importante, mas tentamos sempre que se torne maior. Neste setor, algumas das referências que temos é a dura luta que ocorreu na greve geral da EMT, de Madri. O transporte é um setor especial, com muita desorganização e muitos sindicatos pequenos. Esta é uma estratégia do poder, que por ser assim, um setor-chave, pode paralisar o país e é, portanto, conveniente que ele seja desorganizado. Aqui, em Córdoba, na última greve de 29-S, conseguimos paralisá-lo e, como resultado, a greve foi um sucesso, quebrando a estratégia do Comitê de Empresa que já tinha acordado os serviços mínimos.
Pergunta > Em quantos congressos da CNT você foi?
Resposta < Eu estive no Congresso de Bilbao, Granada, Perlora e este de Córdoba.
Pergunta > Qual é a sua opinião sobre este Congresso?
Resposta < Neste Congresso foi reproduzida as tensões internas na Andaluzia, mas no geral acho que o Congresso tem sido muito bom e espero que se corrijam essas divisões. Com os acordos que temos feito, temos visto que não há espaço para o reformismo na CNT. Além disso, acho que devemos voltar à CNT de 1910, aquela que tinha claro as linhas básicas de independência econômica, a horizontalidade e o assembleísmo, a ação direta, ter os meios de produção... sem que tivesse que se chamar como anarquistas, porque eles já o eram na prática. Nesse sentido, não somos o que dizemos, mas o que fazemos.
Pergunta > Como você vê a CNT neste momento?
Resposta < Eu a vejo num bom momento, onde há muitos sindicatos que têm crescido, com um trabalho constante. No aspecto sindical, estamos fazendo uma importante defesa dos trabalhadores, onde tentamos e estamos conseguindo, em casos como no caso de Córdoba, que muitos trabalhadores que vêm ao sindicato pelos seus problemas individuais de trabalho, não vem consultar só às queixas específicas, mas para analisar a possibilidade de criar conflitos. Para isso, temos de estar constantemente na rua e todos os novos filiados que chegam para os sindicatos vão se formando. Nesse sentido, muitos dos novos trabalhadores que entram vão ficando e começam a militar, e assim tem sido sempre, em todas as épocas da CNT.
agência de notícias anarquistas-ana
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